Voz do servidor

Com a aposentadoria de Lewandowski, intensificam-se as campanhas pelos possíveis indicados ao STF. Desses, destaca-se o ex advogado do Lula, Cristiano Zanin. Digo ex pois lembro que não resta mais nenhum processo contra Lula.

Afunilado ao nome de Zanin crescem as campanhas contra sua indicação. Uma dessas não é posta como contra, mas é absorvida por setores sociais e da imprensa como contraponto à indicação de Zanin. Falo da defesa de uma “mulher preta” para o STF.

Essa campanha têm vários senões. Um, tenho reservas por campanhas identitárias. Não pelo mérito, reconheço a importância de lutas afirmativas por igualdade racial e gênero, mas pelo sectarismo de parte desses movimentos que desconsideram fundamentos econômicos e de classe, sendo capitaneados por setores da elite e imprensa que promovem seu reducionismo controlando os eventos transformadores da luta de classes. Mas essa é outra discussão.

Dois, o STF não é espaço de representação social. São 11 ministros que devem se ater à Constituição e não defender bandeiras sociais ou políticas. O poder de representação cabe ao Congresso e o poder político ao executivo, referendados pelo voto popular. Claro que muitas decisões do STF requerem sintonia com a realidade social, mas sua referência é a Constituição. Se discordamos, nos cabe a mudança da constituição através da luta política no Parlamento.

Três, a campanha é equivocada. Qual mulher preta? Quais suas qualificações? A constituição exige notório saber e ilibada reputação. Claro que se pode ter uma mulher preta com tais qualificações. Mas é preciso dar nome: fulana de tal, jurista, notório saber, ilibada reputação, mulher e preta. Nessa ordem, para não se resumir ao identitarismo. Senão, fica parecendo que sendo mulher e preta, serve qualquer uma. E sabemos, gênero e cor não é qualificação suficiente para ninguém. Veja exemplos como, Bia Kisses, Carla Zambelli, Hélio Negão e Sérgio Camargo que nos envergonham. O próprio ex ministro, preto, Joaquim Barbosa, nos causou reservas.

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