Voz do Servidor

Conciliar um ou mais empregos e ainda os afazeres domésticos não é nada incomum, principalmente para as mulheres. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontou que 90% das mulheres realizam atividades domésticas contra 50% dos homens e ainda trabalham 7 horas a mais. Se você se identifica nessa pesquisa, não desanime: existe uma boa notícia.

Todo processo de mudança é mesmo lento e requer esforço de toda a sociedade aliado a um movimento de conscientização e incorporação da nova cultura. A entrada da mulher no mercado de trabalho agregou novas ideias, novas funções, novas divisões de tarefas e os homens puderam também assumir tarefas no lar.

O próprio debate sobre igualdade de gênero possibilitou essa conscientização e mudança. Agora a pandemia, com o consequente desemprego e necessidade do trabalho home-office reforçou a demanda de mudança no cenário socioeconômico. De certa forma, as tarefas domésticas podem ser melhor divididas, o tempo gasto no trânsito indo e vindo ao trabalho pode ser economizado e ocupado com estudos, por exemplo. É um cenário novo que se configura no horizonte e que depende de um diálogo franco e comprometido entre o casal para um investimento na família, na carreira, no futuro.

A dupla jornada de trabalho é uma realidade que não deixará de existir, mas, se compartilhada entre os membros da família, certamente ficará mais fácil e saudável. E por falar em saúde, outro grande desafio é ficar atento à saúde física e mental. Para tanto é essencial ficar de olho na alimentação, manter o corpo ativo com uma atividade física regular – até mesmo para fortalecer o sistema imunológico – priorizar o descanso com oito horas diárias de sono e incluir uma atividade prazerosa na rotina. Afinal, ninguém consegue viver só de trabalho e obrigação, e o bem estar mental e emocional é fundamental para a saúde física e a produtividade.

A grande dica é organizar bem o tempo. O uso de uma planilha para ordenar as tarefas facilita a visualização da rotina sem deixar que você renuncie ao seu descanso numa jornada dupla e sacrificante e sem que você comprometa sua saúde. Ainda assim, se a situação estiver insuportável e causar infelicidade, procurar ajuda psicológica pode ser a solução. Se não quiser um psicólogo, converse com as amigas, com a família, tenha uma rede de apoio na qual você possa ajudar e ser ajudado.

Eu, pessoalmente, sempre tive uma dupla jornada de trabalho. Trabalhar na Câmara, cuidar da casa, dar atenção aos filhos, investir nos meus estudos, foram atividades que me demandaram muito esforço, dedicação e organização. Atribuo meu sucesso exatamente a essas dicas ditas anteriormente. Sempre pratiquei esporte, faço terapia, cuido da minha alimentação, leio bons livros e escrevo de vez em quando para extravasar os sentimentos. Tenho que admitir que continua sendo difícil, mas consigo deixar a vida menos sofrida. E compartilhar faz parecer mais fácil, não é mesmo?

Related Posts